domingo, 4 de maio de 2014

CINEMA CEARÁ

50 anos de um clássico do cinema nacional

 

Glauber Rocha e o filme “Deus e o Diabo na Terra do Sol” serão lembrados no Festival de Jericoacoara - Cinema Digital, que apresenta filmes, debates e oficinas até domingo
 

Há 50 anos, acontecia a pré-estreia do icônico Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha. A obra marcou a entrada de um novo movimento cinematográfico no Brasil, o Cinema Novo, que consistia em uma volta as raízes e a essência, destacando a cultura nacional e regional, e, acima de tudo, não alienado quando a situação socioeconômica do povo. As técnicas também eram bem peculiares, quase minimalistas. Nada de se gastar uma montanha de dinheiro, os orçamentos eram propositalmente restritos. Cinco décadas depois, o filme será exibido no Festival de Jericoacoara- Cinema Digital, que estreia hoje na praia de Jijoca, e se estende com uma programação cinematográfica gratuita durante toda semana.
Deus e o Diabo na Terra do Sol alavancou o País para outro cenário no cinema mundial. A sofrida história do Sertanejo Manoel e sua mulher Rosa foi indicada a Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes, um dos mais prestigiados do mundo, no mesmo ano.
O filme de Glauber Rocha chegou às telas uma semana após o golpe de 64, e representou o Brasil no Festival de Cannes, na França. A obra, que retrata o cangaço e a vida no sertão nordestino, teve grande impacto sobre o cinema brasileiro, que sofreu com a censura durante a ditadura militar.
Deus e o Diabo na Terra do Sol (1963), é um filme paradigmático, o qual uma crítica social feroz se alia a uma forma de filmar que pretendia cortar radicalmente com o estilo importado dos Estados Unidos. Essa pretensão era compartilhada pelos outros cineastas do Cinema Novo, corrente artística nacional liderada principalmente por Rocha e grandemente influenciada pelo movimento francês Nouvelle Vague e pelo Neorrealismo italiano.
Glauber Rocha foi um cineasta controvertido e incompreendido no seu tempo, além de ter sido patrulhado tanto pela direita como pela esquerda brasileira. Ele tinha uma visão apocalíptica de um mundo em constante decadência e toda a sua obra denotava esse seu temor. Para o poeta Ferreira Gullar, “Glauber se consumiu em seu próprio fogo”.
Confira a programação completa do 4º Festival de Jericoacoara – Cinema Digital:






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IV Festival de Jericoacoara - Cinema Digital começa nesta segunda-feira

Neste ano o festival prestará homenagens ao cineasta e compositor Sérgio Ricardo e ao ator, cantor e compositor Rodger Rogério, que está comemorando 70 anos


A quarta edição do festival reconhecido no calendário nacional do cinema independente acontecerá de 5 a 11 de maio, reunindo, na paradisíaca praia cearense, grandes nomes e novos realizadores do audiovisual brasileiro. Ao todo, 30 curtas-metragens, de realizadores provenientes de 14 estados, foram selecionados para participar da mostra competitiva. Neste ano o festival prestará homenagem aos 50 anos de "Deus e o Diabo na Terra do Sol", aos 40 anos de "A Noite do Espantalho", ao cineasta e compositor Sérgio Ricardo e ao ator, cantor e compositor Rodger Rogério, que está comemorando 70 anos.
Pela quarta vez, realizadores audiovisuais de diversos estados brasileiros, responsáveis pelo novo cinema nacional, vão se encontrar em uma das praias mais belas de todo o mundo. Quando o mês de maio chegar, com o Brasil em crescente destaque pela proximidade da Copa do Mundo, o Festival de Jericoacoara – Cinema Digital realizará a sua quarta edição. Sempre fiel à proposta original, de oferecer um novo olhar sobre o cinema brasileiro, um panorama da nova produção do audiovisual nacional, democratizada tanto em conteúdo quanto em forma, por meio da tecnologia digital.
"A homenagem a esses filmes é uma forma de chamar atenção para momentos importantes e diferentes, na história do cinema brasileiro. 'Deus e o Diabo' foi lançado pouco antes do golpe militar que tomou o País em 1964 e que iria durar longos 21 anos. Já 'A Noite do Espantalho' saiu durante um dos períodos de maior arbítrio e fortalecimento do regime autoritário, em pleno governo Médici", destaca o cineasta Francis Vale, diretor do Festival de Jericoacoara - Cinema Digital.
"Será uma oportunidade interessante, de exibir esses dois grandes filmes da história do cinema brasileiro, para novos realizadores e para o público em geral, debatendo as semelhanças e também as diferenças entre os filmes e entre o contexto cinematográfico, social e político de cada um deles. Tendo como ligação inclusive o Sérgio Ricardo, que fez a trilha sonora de 'Deus e o Diabo' e fez a direção e a trilha de 'A Noite do Espantalho'", acrescenta Francis Vale.
O festival também prestará homenagem a dois convidados especiais, cuja presença já está confirmada em Jericoacoara: o próprio cineasta e compositor carioca Sérgio Ricardo, nome de destaque nacional tanto no cinema quanto na música, e o ator, cantor, compositor e físico Rodger Rogério, um dos grandes nomes da geração do "Pessoal do Ceará", autor de canções como "Retrato marrom", "Falando da vida" e "Bye-bye baião". Tendo atuado em mais de 30 filmes, Rodger Rogério comemora em 2014 seus 70 anos, com muitas novidades, como a produção de novos shows e de um documentário sobre sua trajetória.
“A ideia é dar prosseguimento ao festival, consolidando cada vez mais sua dimensão nacional, buscando reunir os novos realizadores do cinema brasileiro, que estão em todas as regiões, fazendo seus trabalhos, mesmo enfrentando, muitas vezes, dificuldades para divulgação, repercussão, visibilidade”, afirma Francis Vale.
“Na contramão dessa realidade, o Festival de Jericoacoara – Cinema Digital existe justamente para contribuir para dar mais destaque a novos nomes do cinema brasileiro, provando que passamos de um eixo geográfico de produção para novos e múltiplos polos, espalhados pelo País”, acrescenta o diretor do festival.
Para assegurar, na prática, a democratização da participação no evento, a produção do festival garante as despesas de transporte terrestre entre Fortaleza e Jericoacoara, alimentação e hospedagem, ao longo de todo o período, para um representante de cada um dos filmes selecionados. “Mais do que apenas exibir os filmes, o festival se diferencia por proporcionar que os realizadores e o público possam conviver em Jericoacoara, ao longo de uma semana, debatendo cinema e permanecendo em contato direito com o público e a comunidade”, reforça Francis Vale.
Ao longo do festival, os filmes serão apreciados por um júri composto por cinco pessoas ligadas à área do audiovisual. Receberão o Troféu Pedra Furada as obras escolhidas pelo júri como as melhores em cada categoria: ficção, documentário, animação e experimental. Também receberá o troféu a melhor produção dos estados Ceará, Piauí e Maranhão, em homenagem à chamada “Rota das Emoções”, que se inicia em Jericoacoara-CE, passa pelo Delta do Parnaíba-PI e se estende até os Lençóis Maranhenses.
O festival também destinará troféus aos vencedores dos quesitos melhor filme, direção, roteiro, fotografia, trilha original e direção de arte. Além dos troféus para melhor ator e melhor atriz.


Filmes selecionados
01.     A greve  (11’ )   - David Alves Silva    - Experimental – SP
02.     Meu amigo Nietzsche (15) - Fáuston da Silva – Ficção – DF
03.     Um diálogo de Ballet (7) – Filipe Matzembacher e Márcio Reolon – Doc.- RS
04.     O Rio Mearin Secô (5) – Rwanyto Oscar- Exp -MA
05.     Macacos me mordam (9) -  Sávio Leite e César Maurício – Anim - MG
06.     Damas da Liberdade (15) – Célia Gurgel e Joe Pimentel – Doc. –CE
07.     A arte do retrato – Luis M. Vasconcelos (9) – Elisa Cabral – Doc. (PB)
08.     Mobilizou Geral : A longa década de 80 na foto.(15) – Vera  Jursys – Doc. – SP
09.     A velha gulosa -   Isabela Veiga (12) – Fic – GO
10.     Urânio Picuí (15) – Antonio Carrilho  e Tiago Melo– Doc. –PE
11.     Abraço de Pescador (7) – Kleyton Nunes – Doc. –PE
12.     Gigantes da Alegria (12) – Ricardo  Rodrigues- Doc. – RJ
13.     Terra, cuide dessa bola(11) – Cacinho – Anim. – MG
14.     Sopro das Águas (5) – Laurita Caldas – Exp. – PB
15.     O Voo Nupcial (15) – George Alex Barbosa – Anim – CE
16.     O porquê das coisas (15)-Carmen Sílvia Ferreira – Doc. – CE
17.     Os lados da rua (15) – Diego Zon – Fic – ES
18.     Olhar Contestado (15) – Fabianne Balvedi – Doc.- PR
19.     Não deixe Joana só (15) – Cecília Engels -  Fic. – SP
20.     Crisálida (15)- Thiago Brito e Rafael Saar – Doc. – RJ
21.     O Gigante (10) – Júlio Vanzeler e Luis da Matta – Anim. – SC
22.     Bravo! (3) - Leo Adavlis e Bruno Monteiro – Anim. – CE
23.     Mulheres Pescadoras (10) – Philipe Ribeiro – Doc. – CE
24.     Balada do Guarda  Roupa (6) – Diego Akel – Anim. – CE
25.     O céu no andar de baixo (15)-  Leonardo Cata Preta – Anim. – MG
26.     Dia de Jogo (9) – André Miguel – Fic. - RJ
27.      Villa Barra (10)- Osman Godoy – Fic – PE
28.     Fim da Linha (11) – Charles Northrup – Doc. – AL
29.     Herói iluminado (5) – Telmo Carvalho – Anim – CE
30.     Um homem de coragem (7) – Robson Lopes – Doc. - RJ


SERVIÇO
IV Festival de Jericoacoara – Cinema Digital. De 5 a 11 de maio, em Jericoacoara. Toda a programação tem entrada franca. Mais informações: www.jeridigital.com.br.

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