terça-feira, 3 de março de 2015

MÚSICA

Novo disco de Bob Dylan soa tedioso e sem dinâmica 
Há alguns meses, Neil Young lançou um disco ("Storytone") acompanhado de orquestra. Dois meses antes, Lady Gaga e Tony Bennett haviam lançado "Cheek to Cheek", uma coleção de clássicos da canção americana. E agora chega às lojas o 36º álbum de Bob Dylan, "Shadows in the Night", em que ele interpreta dez canções do repertório de Frank Sinatra.
Dá para entender Lady Gaga e Tony Bennett embarcando num projeto desses –ela atrás de respeito da crítica; ele, de sucesso nas paradas–, mas Bob Dylan? Ouvindo "Shadows in the Night", a primeira pergunta que vem à cabeça é: "por quê?".
Dylan sempre se disse fã de Sinatra. Em sua autobiografia, "Chronicles "" Volume One", escreveu: "Quando ele [Sinatra] cantava 'Ebb Tide', eu ouvia tudo em sua voz: a morte, Deus e o Universo".
Mas nos cafés do bairro boêmio de Greenwich Village, em Nova York, onde Dylan chegou em 1961 e fez sucesso cantando folk, não era bacana dizer que gostava de Sinatra. Sinatra era o "mainstream" careta e Dylan, o jovem rebelde. Dylan encarnava o "anticrooner", um menestrel de voz fraca e nasalada que mostrou que, no pop, o texto é tão importante quanto a voz.
Seria fácil chamar "Shadows in the Night" de projeto de vaidade, se Bob Dylan não fosse Bob Dylan. Ele realmente não precisa disso. O repertório é impecável –"I'm a Fool to Want You", "That Lucky Old Sun", "Autumn Leaves" –e Dylan teve a sabedoria de não esconder sua vozinha no meio de uma orquestra, o que teria sido patético.
O cantor é acompanhado apenas por sua banda, com destaque para a pedal steel guitar de Donnie Herron. Mas as dez canções soam muito parecidas. Todas têm uma cadência plangente que, somada à voz de Dylan –que só parece funcionar em suas próprias criações–, resulta num disco tedioso e sem dinâmica.
É impossível evitar comparações entre as versões de Sinatra e Dylan, e é muito difícil que alguém prefira as novas. Duvido que "Shadows in the Night" seja ouvido daqui a 40 anos, como ainda ouvimos os clássicos de Sinatra.
Deve ficar na carreira de Dylan mais como curiosidade –ouça Bob cantando Sinatra!– do que uma adição relevante à sua discografia. E mostra que não basta ser gênio musical para interpretar qualquer coisa. Ninguém pode fugir de ser o que é. Basta imaginar o mico que seria Frank gravando "Like a Rolling Stone".
SERVIÇO
SHADOWS IN THE NIGHT
ARTISTA Bob Dylan
GRAVADORA Columbia Records
QUANTO R$ 25 (CD, em média) e US$ 9,99 (cerca de R$ 28), na iTunes Store
AVALIAÇÃO regular
 








Elogiada pela crítica Tulipa Ruiz prepara novo disco

A cantora e compositora paulista grava terceiro álbum com patrocínio do programa Natura Musical no estúdio da Red Bull Station

Enquanto o Brasil todo estava em ritmo de carnaval, Tulipa Ruiz passou dias da folia em estúdio entre guitarras, bateria, baixo e outros instrumentos que fazem o seu pop rock aflorar. Desde o início do mês, a cantora e compositora paulista se encontra no Red Bull Station, onde grava seu terceiro disco. Com lançamento confirmado para maio, tem patrocínio do programa Natura Musical. A artista gravou seu segundo CD, “Tudo Tanto” (2012), como uma das apostas do edital nacional do programa Natura Musical e agora renova o patrocínio para gravar e lançar seu terceiro disco, com shows em SP e no interior.
As gravações terminam nessa sexta, quando o disco vai para trabalhos de mixagem e finalização. Irmão de Tulipa, guitarrista e produtor desde o álbum de estreia ("Efêmera"), lançado em 2010, é Gustavo Ruiz quem comanda, mais uma vez, a produção. Completam a banda o pai, Luiz Chagas (guitarra), Márcio Arantes (baixo) e Caio Lopes (bateria).
Elogiada pelos principais jornais do país e do estrangeiro - o britânico The Guardian a apontou como a próxima grande estrela da música brasileira -, e já premiada com melhor disco e melhor cantora pelos Prêmio Multishow, APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) e Contigo! MPB FM, o lançamento do terceiro disco de Tulipa Ruiz é dos mais aguardados do ano de 2015.

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